Oitenta por cento dos casos de abuso sexual contra
crianças e adolescentes registrados em Porto Alegre são praticados por
familiares ou pessoas conhecidas das vítimas. No Rio Grande do Sul, ocorre um
registro policial desses casos a cada três horas. Os dados são baseados nas
ocorrências registradas que chegam ao Ministério Público do Estado e foram
citados pelo secretário estadual adjunto da Justiça e dos Direitos Humanos,
Miguel Velasquez. Ele foi o palestrante, na última terça-feira (24/04) pela
manhã, da Jornada Municipal de Enfrentamento à Violência, ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no Centro Social Marista Santa
Isabel, no bairro Mario Quintana, em Porto
Alegre. A Jornada é promovida pela Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos
Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) desde o ano passado. De acordo com os
dados computados pelo Ministério Público, os casos de abusos contra crianças e
adolescentes costumam ser diários e podem ficar em segredo por um período de
tempo que varia entre um e nove anos até que a denúncia seja feita. “Boa parte
dos casos permanecem em segredo de família e não são registrados. Na maioria
das vezes, as crianças abusadas são vítimas daqueles que deveriam protegê-las”,
disse Velasquez, alertando que, em geral, o agressor aparenta comportamento
insuspeito. “A responsabilidade dos profissionais que trabalham com crianças
vai muito além de repassar conhecimentos. A criança não costuma verbalizar que
está sofrendo abuso por vergonha ou por medo, pois geralmente conhece o
abusador”, salientou o secretário. "E o segredo guardado em família pode
se revelar na escola pelo comportamento da criança. É dever de toda sociedade
protegê-las”, completou Velasquez. Na ocasião, o vereador Toni Proença disse
que a promoção da Jornada pela Cedecondh é uma forma de tentar se antecipar aos
problemas e demandas que chegam aos vereadores, realizando um trabalho de
prevenção ao abuso sexual contra crianças e adolescentes.
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